Projeto realizado através do edital n 04/2018 constante nos autos Administrativo número 201710319000476 com a utilização dos recursos do Fundo Estadual dos direitos da pessoa idosa- FEDPI/ GO.
O Projeto Cuidando da Melhor Idade atuou no acompanhamento, treinamento e apoio sistemático ao paciente idoso com deficiência em reabilitação no CER III da APAE de Anápolis e à sua família. O trabalho realizado em equipe multiprofissional alcançou os resultados propostos com melhor adesão e preparação do indivíduo, família e/ou responsável no processo de reabilitação, o que preveniu o abandono no tratamento, assim como garantiu maior participação do idoso assistido no seu meio social.
Sabíamos que o contexto de Pandemia do COVID-19 gerou muitos impactos na vida dos idosos, devido ao agravamento de suas vulnerabilidades físicas, mentais e sociais, e por serem considerados como grupo de risco, tendo o isolamento social como cuidado e medida de prevenção e controle nessa crise sanitária mundial.
Assim, foi necessário reorganizar e adaptar ações do Projeto para este novo cenário, para que fosse possível realizá-lo de forma segura e eficaz. Os atendimentos foram realizados com total segurança observando todos os dispositivos legais em vigência, assim como os protocolos existentes disponibilizados pelos órgãos oficiais quanto às medidas de prevenção e controle da pandemia, assegurando o direito à saúde dos usuários.
Uma das finalidades do Projeto era também prevenir agravos que pudessem provocar o rompimento de vínculos familiares e sociais dos usuários.
Atendimento psicossocial a partir da demanda do usuário. Dessa forma, a equipe atuou com foco na garantia de direitos, no desenvolvimento de mecanismos para a inclusão social, no desenvolvimento das pessoas idosas com deficiência, a partir das necessidades e potencialidades individuais e sociais, prevenindo situações de risco, a exclusão e o isolamento.
Como forma de minimizar a deficiência auditiva quando a mesma não era passível de tratamento medicamentoso ou cirúrgico, a conduta médica era a indicação do uso de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). Embora o conhecimento técnico-científico apontasse que o uso do AASI poderia auxiliar seus usuários na melhoria de sua qualidade de vida, no que se refere aos aspectos linguísticos, sociais e emocionais, sabia-se que muitos idosos não aceitavam o uso deste dispositivo ou enfrentavam dificuldades no processo de adaptação, em algumas situações pela falta de apoio e participação da família e/ou responsável ou em algumas vezes pela ausência desta pessoa de referência, pois atendíamos muitos idosos que moravam sozinhos.
A execução do Projeto ocorreu em duas linhas de atuação:
Atividade 1: Atenção/Reabilitação do Idoso
No ano de 2016, foram atendidos no Programa de Reabilitação Auditiva 2.275 idosos com perdas auditivas de diversos graus e comprometimentos. A perda auditiva que caracteristicamente acomete os idosos foi a PRESBIACUSIA, que acarretou uma redução na compreensão da fala, comprometendo o processo de comunicação e interferindo no convívio social, na vida psicológica e profissional, surgindo também sentimentos de insegurança, medo, depressão e isolamento.
A comunicação correspondia a uma necessidade essencial do ser humano, e por meio dela, a pessoa tinha a possibilidade de adquirir novos conhecimentos e experiências. Ela fazia com que a pessoa continuasse ativa no seu convívio social e familiar. Quando havia uma redução dessa capacidade, logo se percebia a frustração diante da falta de compreensão e, em seguida, o isolamento e a depressão. Essa desvantagem, aliada ao estigma de “ser velho”, favorecia o isolamento social e familiar, pois o mesmo se sentia frustrado por não ouvir bem.
Vivenciaram-se situações cotidianas de usuários idosos que, além dos problemas enfrentados pela deficiência auditiva, apresentavam algum outro acometimento físico, visual e demencial que demandavam dedicação e acompanhamentos frequentes e, em algumas situações, acompanhamentos domiciliares. Até então, nos atendimentos ofertados na unidade, não estávamos apresentando possibilidades de atendimentos domiciliares e acompanhamentos frequentes, pela alta demanda e com ações específicas e exclusivas para os idosos e seus familiares. No Projeto, conseguimos realizar algumas visitas para melhor acompanhá-los.
Visando alcançar esta demanda de usuários idosos que apresentassem limitações e dificuldades no processo de reabilitação, pensou-se na criação de uma equipe especializada na reabilitação de idosos com deficiência através de projeto específico para esta população.
Os atendimentos, fundamentais nesse novo cenário da pandemia do COVID-19, como já citado, foram adaptados, a fim de evitar a propagação e o contágio do vírus e garantir com segurança a assistência aos usuários.
Foi realizado um estudo de forma individualizada de cada usuário pela equipe de reabilitação, com o intuito de estabelecer o planejamento de assistência, observando a viabilidade de acesso ao usuário de forma segura e eficaz, sendo possível ocorrer os atendimentos nas modalidades presencial, remota (via tele atendimento) e domiciliar.
O projeto veio para contribuir com a promoção do acesso de pessoas idosas com deficiência aos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos e a toda a rede sócio assistencial do Município de Anápolis, aos serviços de outras políticas públicas. Suas ações são extensivas aos familiares e envolvem apoio, informação, orientação e encaminhamento, com foco na qualidade de vida, exercício da cidadania e inclusão na vida social.
Atividade 2: Capacitação e Atenção dos Cuidadores/Familiares
A função de cuidar de pessoas com necessidades especiais idosas comumente foi exercida por um membro da família que assumiu a função de cuidador principal. O cuidador principal era aquele que teve total ou a maior responsabilidade pelos cuidados prestados à pessoa dependente no domicílio, dedicando à maior parte do seu tempo ao cuidado do idoso enfermo. Grande parte das pessoas que cuidavam de pacientes com necessidades especiais idosos assumiu essa tarefa sem dividi-la com ninguém. Essa responsabilidade exigiu dedicação, esforço físico e psicológico.
O cuidador principal, por passar um tempo muito elevado atendendo às necessidades do indivíduo dependente, pôde sofrer um estresse social, e teve como consequência o afastamento, muitas vezes, da sua própria família, dos amigos e uma limitação no seu convívio social.
Esse estresse social gerou aos cuidadores problemas como: cansaço, distúrbio do sono, cefaleia, perda de peso, hipertensão e insatisfações na vida social, exclusão social, isolamento afetivo e social, depressão, erosão nos relacionamentos, perda da perspectiva de vida, distúrbios do sono e maior uso de psicotrópicos. Esses fatores associados puderam restringir as possibilidades de o cuidador ter uma melhor qualidade de vida. Além disso, a sobrecarga do cuidador pôde reduzir a qualidade dos cuidados prestados e, consequentemente, pôde afetar a saúde da pessoa que recebeu cuidados.
Estudos realizados apontaram que o cuidador que não recebeu um suporte formal para atender às necessidades do indivíduo que precisou de cuidados correu o risco de, também, se tornar um paciente dentro do sistema. Diariamente no serviço de reabilitação física e auditiva, ouviu-se cuidadores relatarem que vivenciaram altos níveis de estresse por não conseguirem administrar essa tarefa de ser o cuidador principal. Foram ouvidas ainda frequentes reclamações como dores nas costas, nos braços, falta de tempo para cuidar de si e dos outros membros da família, falta de contato social e de atividades prazerosas. Diante dessa necessidade, elaborou-se esse projeto visando qualidade de vida dos cuidadores dos pacientes idosos e seus familiares.
O objetivo geral do Projeto Cuidando da Melhor Idade foi então trabalhar a habilitação/reabilitação, de pessoas idosas com perdas auditivas e deficiência física/intelectual atendidas pela APAE Anápolis e proporcionar ações de atenção/orientação para seus familiares e cuidadores, prevenindo agravos que pudessem provocar o rompimento de vínculos familiares e sociais dos usuários e seus familiares. Para isso, criou-se uma equipe especializada em habilitação/reabilitação do idoso conformadas por fonoaudiólogos, psicólogos, técnico de enfermagem e assistente social, com atribuições de realizar atendimentos individuais e domiciliares nas modalidades presencial ou remota (via teleatendimento), beneficiando diretamente as pessoas idosas atendidas na APAE de Anápolis. Ao longo do projeto, foram desenvolvidas estratégias para estimular e potencializar recursos das pessoas com deficiência e pessoas idosas, de suas famílias e da comunidade no processo de habilitação, reabilitação e inclusão social; oferecendo também possibilidades de desenvolvimento de habilidades e potencialidades, a defesa de direitos e o estímulo à participação cidadã.
Através do processo de triagem multidisciplinar, visitas domiciliares, avaliações objetivas e subjetivas (percepções e expectativas do usuário e sua família / cuidador), foram construídas as ações que puderam ser desenvolvidas com cada usuário a partir dos dados levantados em avaliação dessas demandas individuais, familiares e sugeridas pelos profissionais envolvidos no diagnóstico e tratamento do idoso. O resultado foi satisfatório tanto por parte do público beneficiado em reabilitação, seus familiares e/ou cuidadores, quanto pelos profissionais da equipe que estiveram diretamente envolvidos nesse processo de alcance dos objetivos estabelecidos, acompanhando de forma mais próxima as necessidades dos idosos assistidos.
O resultado foi satisfatório tanto por parte do público beneficiado em reabilitação, seus familiares e/ou cuidadores, quanto pelos profissionais da equipe que estiveram diretamente envolvidos nesse processo de alcance dos objetivos estabelecidos, acompanhando de forma mais próxima as necessidades dos idosos assistidos.
Endereço: R. Galileu Batista Arantes, Nº 350 – St. Bougainville, Anápolis – GO, 75075-570